sexta-feira, 22 de abril de 2011

Sexta-feira Santa

A paz de Cristo e o amor de Maria!
Olá irmãos e irmãs em Cristo.


Sexta-feira, 22 de abril de 2011, 10h54

Entenda o significado do beijo na Cruz na Sexta-feira Santa

Padre Antônio Xavier
Comunidade Canção Nova, Terra Santa


Paula Dizaró / Arquivo CN Roma
Bento XVI durante adoração à Santa Cruz, no Vaticano
Em todo o ano existe somente um dia em que não se celebra a Santa Missa: a Sexta-Feira Santa. Ao invés da Missa temos uma celebração que se chama Funções da Sexta-feira da Paixão, que tem origem em uma tradição muito antiga da Igreja que já ocorria nos primeiros séculos, especialmente depois da inauguração da Basílica do Santo Sepulcro e do reencontro da Santa Cruz por parte de Santa Helena (ano 335 d.C.).
Esta celebração é dividida em três partes: a primeira é a  leitura da Sagrada Escritura e a oração universal feita por todas as pessoas de todos os tempos; a segunda é a adoração da Santa Cruz e a terceira é a Comunhão Eucarística, juntas formam o memorial da paixão e morte de Nosso Senhor. Memorial não é apenas relembrar ou fazer memória dos fatos, é realmente celebrar agora, buscando fazer presente, atual, tudo aquilo que Deus realizou em outros tempos. Mergulhamos no tempo para nos encontrarmos com a graça de Deus no momento que operou a salvação, e ao retornarmos deste mergulho a trazemos em nós.
Os cristãos peregrinos, dos primeiros séculos, a Jerusalém, nos descrevem através de seus diários, que em um certo momento desta celebração a relíquia da Santa Cruz era exposta para adoração diante do Santo Sepulcro. Os cristãos, um a um, passavam diante dela reverenciando-a e beijando-a. Este momento é chamado de Adoração à Santa Cruz, que significa adorar a Jesus que foi pregado na cruz através do toque concreto que faziam naquele madeiro onde Jesus foi estendido e que foi banhado com seu sangue.
Em nosso mundo de hoje falar da Adoração à Santa Cruz pode gerar confusão de significado, mas o que nós fazemos é venerar a Cruz e enquanto a veneramos temos nosso coração e nossa mente que ultrapassa aquele madeiro, ultrapassa o crufixo, ultrapassa mesmo o local onde estamos, até encontrar-se com Nosso Senhor pregado naquela cruz, dando a vida para nos salvar, e quando beijamos a cruz, não a beijamos por si mesma, a beijamos como quem beija o próprio rosto de Jesus, é  gratidão por tudo que Nosso Senhor realizou através da cruz. O mesmo gesto o padre realiza no início de cada Missa ao beijar o Altar. É um beijo que não pára ali, é beijar a face de Jesus. Por isso, não se adora o objeto. O objeto é um símbolo, ao reverênciá-lo mergulhamos em seu significado mais profundo, o fato que foi através da Cruz que fomos salvos.
Nós cristãos temos a consciência que Jesus não é apenas um personagem da história ou alguém enclausurado no passado acessível através da histórias somente. Jesus está vivo, era o que gritava Pedro na manhã de Pentecostes, esse era o primeiro anúncio da Igreja, vivo e atuante em nosso meio, a morte não o prendeu. A alegria de sabermos que, para além da dolorosa e pesada Cruz colocada sobre os ombros de Jesus, arrastada por Ele em Jerusalém, na qual foi crucificado, que se torna o simbolo de sua presença, do amor de Deus, existe Vida, existe Ressurreição. Nossa vida pode se confundir com a Cruz de Jesus em muitos momentos, mas diante dela temos a certeza que não estamos sós, que Jesus caminha conosco em nossa via sacra pessoal, e para além da dor, existe a salvação.
Ao beijar a Santa Cruz podemos ter a plena certeza: Jesus não é simplesmente um mestre de como viver bem esta vida, como muitos se propõem, mas o Deus vivo e operante em nosso meio.

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