domingo, 19 de setembro de 2010

Utopia...

Irmãos e irmãs,

Neste domingo, a Palavra de Deus nos leva à Campanha da Fraternidade, quando rezávamos que não poderíamos servir a dois senhores, isto é, a Deus e ao dinheiro. Procurando recordar estes meses que se passaram desde a Quaresma, podemos nos perguntar se de fato aqueles laços de solidariedade e aquele apelo teimoso por mudanças significativas em nossa realidade, continuam vivos dentro da gente... Não sou profeta como Amós, que mesmo vindo de origem humilde, um cultivador de sicômoros, quando abria sua boca acusava o maltrato dos humildes, dos pobres da terra. Muito menos posso me comparar a São Paulo que de perseguidor dos cristãos, foi perseguido e morto justamente por, depois de se converter, falar de Jesus; àquele Deus feito homem qual nós hoje acreditamos e celebramos, que fez incluir em seu grupo um cobrador de impostos, mulheres marginalizadas pela sociedade e mesmo um ladrão, no último grito na Cruz: “Hoje comigo estará no Paraíso!” Sabe meus irmãos e irmãs, eu tenho muito vivo dentro de mim o que chamo de utopia. A utopia não é um sonho impossível, irrealizável. A utopia, fundamentalmente, é movida pela esperança de um outro mundo possível, diferente desse que estamos vivendo hoje em dia, na qual a solidariedade, por vezes, é furtada pelo pensamento muito errado de suspeita em relação uns aos outros. A moeda que antes dávamos para o pedinte na porta da Igreja, hoje não é mais dada sob a justificativa de que ele vai comprar bebida, se drogar. Mas já paramos para pensar por que este nosso irmão se embriaga, se droga? Não acredito que faz isso porque ele é só livre, tem liberdade naquilo que optou. Vamos olhar o contexto que esse homem está inserido: Talvez uma família desestruturada justamente porque ele perdeu seu emprego, talvez não estudou porque tinha que trabalhar debaixo do sol para ajudar seus pais a alimentarem à ele e seus quatro, cinco, seis irmãos. Não sou Profeta, como disse, mas sou obrigado a concordar com Amós quando diz “Vós que maltratais os humildes e causais a prostração dos pobres da terra.” Tenho cada vez mais certo que o Céu será dessas pessoas que não tivemos a coragem de olhar para o rosto delas. Eu continuo acreditando na utopia, mesmo que me chamem sonhador ou bobo. O dinheiro, e de forma geral, aquilo que acumulamos como fruto do nosso trabalho, é nosso por direito. Porém, não tem sentido acumularmos se também não os usarmos em vista de um bem maior: A solidariedade. Que te parece se teu esposo lustra todos os finais de semana o carro, mas não afaga teu rosto com ternura? Que te parece se tua esposa escolhe o melhor par de sapatos, mas não escolhe estar contigo? Esta, meus irmãos e irmãs, é a triste realidade em que vivemos, na qual a solidariedade é vista com suspeita e o ter é mais, muito mais importante, que o ser. Mas saibam de uma coisa, não sou Profeta, não sou Apóstolo, mas não mais consigo ver com indiferença o meu Jesus sendo tão desprezado nas ruas, nas famílias, na Igreja, em cada pessoa. Quero servir a um só Senhor, o meu Jesus Cristo, o qual quero entregar toda a minha vida em defesa de outras vidas. Isso porque acredito na utopia, na solidariedade, no outro mundo possível. Você também é convidado, convidada a isso, melhor, convocacionado, convocacionada a isso: A não perder a esperança no futuro, a acreditar na presente. Para isso, solidarizemo-nos com alguém, desde o Brasil inteiro quando através das eleições em outubro próximo, ou o pedinte, o vizinho, o amigo que te pede algo que comer, ou ainda uma palavra de esperança, de utopia.

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